
Francisco, o Misericordioso
Imagem PUC-Campinas
Segundo o Padre Júlio Lancellotti é assim que nosso querido Papa Francisco, falecido hoje, dia 21 de abril, deve ser lembrado. Para ele, Francisco é o grande sinal do amor de Deus e assim ficará marcado para sempre.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, onde viveu até o início de 2013. Ainda jovem, formou-se em química e trabalhou como técnico e faxineiro em um laboratório, além de segurança de boate – experiência que, de acordo com ele, ajudou a desenvolver a capacidade de escuta e empatia. Torcedor do San Lorenzo, era apaixonado por futebol e acreditava que o esporte poderia ser “um vetor de paz e educação”.
O Pontífice entrou para o seminário aos 21 anos e tornou-se jesuíta, ordem fundada por Santo Inácio de Loyola por volta de 1530. Em 1992 foi nomeado bispo por João Paulo II, assumindo como lema Miserando atque eligendo (Com Misericórdia, o elegeu) e no seu brasão inseriu o cristograma IHS, símbolo da Companhia de Jesus. A ordem carrega valores como coragem e contato com os pobres, o que, certamente, foram aspectos presentes em toda sua vida religiosa.
Ao longo de 12 anos, Francisco visitou sessenta e oito países, incluindo Mianmar, de maioria budista. Esteve no Brasil em 2013, para a Jornada Mundial da Juventude. Dentre os compromissos que cumpriu por aqui, um foi a visita a Comunidade de Varginha, no Rio de Janeiro, onde fez uma oração em uma igreja evangélica da Assembleia de Deus. Além disso, inaugurou um centro de atendimento a dependentes químicos no hospital São Francisco, no bairro da Tijuca, também no Rio de Janeiro. Aos jovens, dirigiu palavras de afeto, impulsionando-os: “Peço que vocês sejam revolucionários, peço para vocês irem contra a corrente, peço que se rebelem contra essa cultura do provisório. Tenho confiança em vocês em irem contra a corrente. Também tenham a coragem de ser felizes”.
Quanto a assuntos sensíveis para a comunidade católica de todo o mundo, manteve uma postura aberta ao diálogo: entre gerações e entre os povos e culturas. Em suas entrevistas, destaca-se a maneira tranquila ao não evitar nenhum questionamento e permanecer com o olhar sagaz voltado a dignidade e ao objetivo de preservar a pessoa humana. Um desses exemplos, é o documentário Amém, Perguntando ao Papa – disponível no aplicativo Disney + – no qual dez jovens do mundo inteiro conversam com ele sobre a participação de mulheres na igreja, abuso sexual, fé, diversidade de religiões, etc. Dessa forma, observamos um Papa que, felizmente, buscou demonstrar quão importante é nos sensibilizarmos com questões mesmo quando essas não nos atingem diretamente, mas nos fazem refletir sobre nossas próprias convicções, podendo nos lembrar da pessoa de Jesus Cristo e pensarmos: como Ele agiria?
Francisco, hoje, traz um silêncio nesse mundo de barulhos. Nos deixa tristes, mas consente um legado: a Igreja de saída. Ele, singelamente, nos convida a sermos da rua, do povo que vai ao encontro, peregrinos da esperança. Sua simplicidade se eterniza em nossa memória, de maneira a nos fazer crer que pensar na vida além dos nossos próprios círculos sociais é o que conduz à presença de Deus cada vez que participamos da Sagrada Eucaristia e buscamos seguir os mandamentos.
Abramos as janelas...
Amanda Furtado